Lula, Presidente eleito de um Brasil polarizado
Bruno Franguelli, SJ
Faltavam poucos minutos para as 20h, em 30 de outubro, e 98% da contagem de votos tinham sido apurados, quando o tribunal eleitoral confirmou a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para a presidência do Brasil para os quatro próximos anos. Trata-se de uma vitória estreita, com uma margem de pouco mais de 2% de votos favoráveis em relação a seu adversário Jair Messias Bolsonaro, então presidente e candidato à reeleição. No entanto, foi o suficiente para tornar-se o primeiro presidente eleito democraticamente por três vezes, depois de já ter governado o país de 2003 a 2010, por dois mandatos consecutivos. Com 77 anos, ele é também a pessoa mais idosa a assumir a presidência e a única a ter recebido mais de 60 milhões de votos na história do país. Bolsonaro, pelo contrário, é o primeiro presidente do Brasil que não foi reeleito desde que, em 1985, instaurou-se a democracia.
Breve história da política brasileira
Os escândalos levantados entre 2003 e 2010 pelas práticas de corrupção no seio do Partido dos Trabalhadores (PT), do qual Lula, então presidente do Brasil, era membro, puseram seu governo em grande dificuldade, embora tivesse adotado uma política claramente social, visando a melhorar o bem-estar e a erradicar a fome, principalmente na região Nordeste do país. Tais escândalos também voltaram a opinião pública contra ele, enfraquecendo sua credibilidade e a estima da qual se tinha beneficiado. Isso não impediu, contudo, que Dilma Rousseff, candidata de Lula e expoente do mesmo partido, fosse eleita presidente em dois mandatos (2011 e 2014). Entretanto, em 2015, Dilma Rousseff foi acusada, depois destituída, por presumidas infrações administrativas.